Entrevista Exclusiva com Toni Sando, Presidente Executivo do Visite São Paulo Convention Bureau, sobre o Made in São Paulo
- Cláudio Bastos

- 31 de jul.
- 6 min de leitura
Por ocasião do lançamento do selo Made in SP em maio deste ano, tivemos uma conversa super interessante com Toni Sando, Presidente Executivo do Visite São Paulo Convention Bureau, sobre o Bureau, seus objetivos, atividades, realizações, o novo selo, e perspectivas futuras. Confira aqui.

Sr. Toni, obrigado pelo seu tempo e disponibilidade. Para começarmos, o que é exatamente um Convention & Visitors Bureau e qual é o papel do Visite São Paulo nesse ecossistema?
Convention & Visitors Bureau são entidades de destino. Representam a iniciativa privada e trabalham para incrementar a economia do destino, por meio da captação e apoio a eventos nacionais e internacionais, capacitação de profissionais e promoção. Dialogam com o poder público para ações conjuntas. O Visite São Paulo é o Convention Bureau do Estado de São Paulo. Existe há 42 anos e conta com mais de 500 associados em toda a cadeia produtiva de turismo, eventos e viagens. Sua fonte de receita provém do Room Tax, contribuição facultativa paga pelos hóspedes em hotéis associados que, descontados os devidos impostos, é repassado para a entidade continuar com seu trabalho de gerar oportunidades; da mensalidade dos demais membros em outros segmentos, como espaços de eventos, operadoras de viagens, organizadores, bares, restaurantes, montadoras, etc; e, por fim, patrocínio.
Costumamos dizer que o Visite São Paulo é o braço privado do turismo, enquanto as Secretarias municipais e estaduais, o público. Assim, o trabalho conjunto garante que os esforços sejam direcionados para objetivos comuns e os resultados, exponencializados.
Como o Bureau se articula com os setores público e privado para promover a cidade?
Como dito, o Visite São Paulo é o braço privado do turismo. Ou seja, em seus objetivos estatutários, mobiliza seus associados para atender as demandas de um evento, buscando a geração de oportunidades. É de primeira importância para o tomador de decisão do destino de um evento que ele entenda que os preços praticados e as entregas estejam competitivas se comparados a outros locais, no Brasil ou fora. Por isso, é preciso trazer o setor público para o jogo, para que também se mobilize para que São Paulo, esteja, de fato, competitivo, ao que é de responsabilidade e influência do órgão. Uma cidade e/ou estado ganha muito ao conquistar evento e fomentar a economia de um destino, desde a movimentação econômica em si, até a arrecadação de impostos.
Quais são os principais tipos de eventos e segmentos que vocês buscam atrair para São Paulo?
É comum que, na captação de eventos, um CVB ou entidade de destino trabalhe ativamente em eventos que, por sua natureza, são rotativos. Ou seja, cada edição é feita em uma cidade diferente. E, nessa categoria, principalmente se encaixam congressos, simpósios, convenções, feiras, etc. Ainda, assim, não é uma característica limitante, podendo atuar no apoio a atração de eventos culturais, gastronômicos, esportivos e muito mais.
Poderia nos contar um pouco sobre as principais ações realizadas pelo Visite São Paulo nos últimos anos?
No site visitesaopaulo.com/relatório-anual há os relatórios anuais desde 2007, que detalha as ações realizadas. É preciso ter em mente que o Visite São Paulo sempre vai trabalhar para o que chamamos de 3 C’s: Captação e Apoio a Eventos; Capacitação de Profissionais; Comunicação.
Em cada “C” há destaques. Em captação, trabalhamos para atrair eventos de todos os portes, como por exemplo o IWA World Water Congress & Exhibition, com 12 mil participantes, e Principles for Responsible Investment in Person (PRI in Person), para 1.500 profissionais (ambos eventos, internacionais); nos últimos anos, realizamos capacitações que treinaram milhares de profissionais da hospitalidade; e, em Comunicação, desde 2019, junto com a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo e da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, temos promovido a campanha SP Pra Todos com o Stopover, em ações integradas com plano de mídia, roadshows, participação em feiras especializadas e mais.
Vocês têm formas de medir concretamente o impacto das atividades do Bureau na economia da cidade? Por exemplo, em termos de aumento no turismo de negócios ou lazer, ocupação hoteleira ou geração de empregos?
Sim, mas os resultados são de ações conjuntas das demais associações do setor, e mesmo do poder público, em nível municipal, estadual e federal. Celebramos números recordes de viajantes nacionais e internacionais, aumento de voos e da arrecadação. Em um levantamento recente do Visite São Paulo, foi registrado um aumento de 60% no número de eventos na capital, aumentando a movimentação econômica e arrecadação de ISS. Foram R$12,8 bilhões e R$ 638 milhões, respectivamente.
Quais seriam, na sua opinião, os maiores legados que o Bureau deixou para São Paulo até hoje?
Lançamos um livro na ocasião dos 40 anos da entidade, que se encontra no link visitesaopaulo.com/livro. Nele, destacamos as ações por ano. Há vários momentos históricos, como o trabalho da abertura do comércio aos domingos, criação de datas comemorativas, campanhas publicitárias, promoções com hotéis e restaurantes, samba-enredo, evolução do destino no ranking da ICCA para eventos associativos internacionais, captação de grandes congressos, criação de eventos proprietários etc.

Recentemente foi lançado o selo "Made in SP". Qual é a proposta por trás dessa iniciativa?
É um movimento idealizado pelo Visite São Paulo, lançado durante o 9º Expo Fórum Visite São Paulo, realizado em maio desse ano. O objetivo é destacar as experiências únicas e autorais de São Paulo, de produtos a serviços, integrando às atividades turísticas. Ou seja, um visitante vai ser impactado pela marca e conceito do Made In SP, instigado a experimentar o que temos de único, de levar como lembrança para seu destino.
São Paulo conta com uma carga autoral muito grande e única. Então, o Made In SP vem chancelar como um selo de origem. No site visitesaopaulo.com/madeinsp, é possível acessar o manifesto, que, em resumo, indica que o Made In SP é um compromisso coletivo de promover a excelência, a autenticidade e a identidade da produção paulista, integrando inovação, design e qualidade ao turismo e à economia local.
Quais critérios uma empresa ou produto precisa atender para receber o selo?
Estamos nos organizando junto com associações de produtores, com o poder público e com os associados do Visite São Paulo, para que os resultados do uso do Made In SP sejam consistentes e relevantes. Assim, para receber o selo, o interessado deve entrar em contato pelo e-mail madeinsp@visitesaopaulo.com para receber as informações para próximos passos.
Além da promoção do destino, o selo também visa valorizar a produção e o talento paulistano? De que forma?
Sim! O selo Made In SP poderá ser usado por serviços, por exemplo, uma vez que entendemos que a qualidade do atendimento paulista é diferente e autoral. Uma qualidade que só se encontra aqui. O mesmo para cultura, arte, produção de conteúdo, e muito mais.
Sabemos que selos como "Made in California" e "Made in Bavaria" são algumas referências internacionais. De que forma essas iniciativas inspiraram o "Made in SP"?
Assim como o I LOVE NY, são todos inspirações de cases de sucesso. Mas o Made In SP tem algo especial, pois está mais atrelado a experiência do visitante e ao senso de pertencimento do paulistano. Não é, necessariamente, sobre produto de exportação. É sobre algo único que se vive em São Paulo – e uma forma de identificar isso e de se viver e expressar.
Houve contato direto ou troca de experiências com os responsáveis por esses selos internacionais?
Não. Esses movimentos sempre nos inspiraram, e que se pode ver em outras campanhas, como o São Paulo é Tudo de Bom. O Made In SP é uma atualização, que une com as necessidades atuais do desenvolvimento do turismo paulista e da valorização da produção local integrada ao turismo.
Quais aprendizados dessas regiões podem ser aplicados à realidade paulistana — e o que São Paulo tem de único para oferecer ao mundo?
São tantas coisas. São Paulo conta com azeites premiados mundialmente, queijos artesanais e autorais, cachaça e vinho de qualidade, doces únicos, uma indústria potente de brinquedos, moda e tecnologia. E em serviço, a gastronomia nacional e mundial se encontram aqui. Você viaja o Brasil e o Mundo em São Paulo. Aqui, o Brasil e o Mundo são Made In SP. Como destino e estado, há praias paradisíacas, campo, natureza, cavernas... sem contar os eventos culturais e festivais. É rota obrigatória da cultura pop. Como dito, a qualidade e agilidade no atendimento são marcas registradas dos paulistas.
Para encerrarmos nossa conversa, já deixando aqui um agradecimento: qual é a visão do Visite São Paulo para os próximos 5 anos? E qual o papel do turismo na construção dessa São Paulo global e inovadora?
Seguimos fortes nos objetivos estatutários dos 3 C’s, assim como foram nas últimas quatro décadas: Captar e apoiar eventos; Capacitar profissionais da hospitalidade; e Comunicar o destino São Paulo aos quatro cantos do planeta. O que pudermos inovar e fazer diferente, com tecnologia e tendências, buscado aumentar os resultados aos associados e ao destino, integrando a iniciativa privada com o poder público, vamos fazer. Assim, em cinco anos, queremos colher frutos do que estamos fazendo hoje dentro dessas atuações, com uma marca São Paulo cada vez mais forte no Brasil e no mundo, e com um movimento de orgulho de pertencimento e de selo de origem e autoria tão fortes quanto às que conhecemos mundialmente.
Entrevista Exclusiva com Toni Sando, Presidente Executivo do Visite São Paulo Convention Bureau, sobre o Made in São Paulo - por Cláudio Bastos - Boas Taças
Assessoria do Visite São Paulo Convention Bureau:
Voice Comunicação
Luciana Frei - luciana@voice.com.br

Excelente entrevista! Não tinha ideia das atividades das atividades do Bureau!