Da Indicação de Procedência Farroupilha, do Vale Trentino, com orgulho: tipicidade não é equivalência
- Boas Taças Notícias

- 17 de out.
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Pablo Onzi Perini, diretor de Marcas e P&D da Casa Perini

Aqui na cidade de Farroupilha, na Serra Gaúcha, a gente aprende cedo que tipicidade não é receita de bolo, mas assinar com o próprio punho e alma. É por isso que, quando alguém experimenta um dos nossos espumantes e solta um: “Não deve nada para um champagne, cava, Asti ou Bordeaux”, eu respondo com carinho: “Nossos espumantes não querem ‘não dever’, eles são outra coisa”. Porque a IP é identidade própria, não espelho.
Nossa história começa lá atrás, em 1929, com o nonno João Perini fazendo vinho no porão da casa e vendendo uva para a primeira cooperativa da América Latina. Desde essa época, já trabalhando com vinhos de Moscato, uma uva que representa um patrimônio da imigração, quando tudo era na base do braço e da crença de que a região tinha um mundo inteiro dentro dela.
Depois, com o pai, veio a fundação da marca Casa Perini e os primeiros espumantes, dentre eles, o primeiro moscatel 100% nacional. Junto a isso foi-se garimpando a descoberta do nosso lugar no mapa do vinho, que não se faz somente de moscatéis da IP, mas também com vinhos brancos, tintos, rosés, espumantes, bruts e afins, premiados nacional e internacionalmente.
Aprendemos a defender essa identidade com trabalho sério e pé no chão: tradição longa, tecnologia a serviço da essência e consistência que se comprova em avaliações técnicas às cegas junto a uma criteriosa e competente equipe de enologia, safra após safra.
Nosso moscatel espumante figurou no top 5 dos melhores vinhos do mundo, não como troféu de vaidade, mas como prova de que a IP Farroupilha estava no caminho certo. E isso encorajou a nós e aos colegas da região a continuar fazendo mais e melhor. O concurso era global e no top 5 havia gigantes como Austrália, Portugal, Espanha e Argentina. Por ser uma avaliação que envolveu todas as categorias, nosso espumante foi pontuado devido a sua entrega geral como líquido, no panteão da diversidade enológica, considerando seu estilo autêntico tal qual seus colegas de pódio.
O saldo de todo esse trabalho na taça? Perlage fino, textura cremosa, aromas frutados e florais em plena expressão e frescor que instiga um próximo gole, não porque é parecido com “A” ou “B”, mas porque é inconfundivelmente daqui.
A Indicação de Procedência Moscatos de Farroupilha não é só mais um selo bonito na garrafa, é a chancela técnica que garante origem, método, estilo e que aquilo que você sente na taça é, de fato, a expressão legítima do terroir, essa palavra tão sonora, mas difícil de traduzir ao pé da letra: um atestado de tipicidade que deriva da equação entre solo, clima, paisagem e o toque humano do “como fazer” — ouso aqui dizer — associado ao divino da natureza.
Nossos Moscatos falam com sotaque próprio: uva com personalidade, descontração que puxa conversa, aromas que celebram flor, fruta e memória afetiva. Isso é Moscatel de Farroupilha, com a força de quem sabe ser único. Comparar por equivalência é reduzir toda a história e o terroir.
Celebrar a tipicidade com orgulho é ampliá-la. Até porque nossa IP Moscatos de Farroupilha é extremamente versátil, bem como as uvas Moscato, e contempla espumantes, vinhos tranquilos, frisantes, fortificados, entre outros, prevendo, entre eles, secos, demi-secs e doces. Do tamanho do Brasil e da sua diversidade de paladares.
E quando eu digo “De Farroupilha, com orgulho”, também estou falando de compromissos: com o IP Farroupilha, com a nossa história, com tecnologia a serviço da essência, com a democratização do consumo e com a alegria quase infantil de ver uma taça de espumante encontrar a pessoa certa, no momento certo.
É isso que nos move a honrar o passado sem cair no saudosismo, e inovar sem virar refém de modismos efêmeros. Até porque, uma IP se trata de um legado construído com respeito minucioso às raízes. Por exemplo: recentemente lançamos uma linha de espumantes superiores chamada Vintage, composta por 5 itens, dentre eles um Nature — o mais seco dos espumantes, e um Brut Barricado — com o inusitado amadurecimento em carvalho. Todos os espumantes da linha foram premiados com ouro e, como não poderia deixar de ser, a família também é composta por um Moscatel fermentado com as cascas, para ter notas mais evoluídas, que além do ouro, foi o melhor da categoria.
Do mesmo jeito que a cultura gaúcha honra suas raízes sem pedir licença, ao passo que respeita as culturas alheias, nossos espumantes honram o IP Farroupilha sem fazer comparação de qualidade, mas sim de estilo.
No fim, tipicidade é identidade, autenticidade. Se parece com alguém? Que nada. Tem sotaque do Vale Trentino, a rota turística colonizada pelos imigrantes que de lá vieram, e possui o carimbo de Farroupilha. E quando a rolha sai o brinde é simples e a alegria entra: Viva o terroir nacional! Viva a IP Farroupilha! Viva o Moscatel com sotaque do Vale Trentino!
Da Indicação de Procedência Farroupilha, do Vale Trentino, com orgulho: tipicidade não é equivalência
Fonte: Dinâmica Conteúdo Inteligente
@dinamica_rs



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