Entre elegância e terroir: Michel Friou apresenta o Almaviva 2023 em jantar memorável

No Tre Bicchieri, em São Paulo, o enólogo francês conduziu uma degustação exclusiva de Almaviva — do vibrante EPU 2022 ao sofisticado pré-lançamento da safra 2023.

Se você ainda não conhece o Almaviva, basta um resumo: ele é o encontro da tradição francesa com o terroir chileno, nascido para competir com os melhores vinhos do mundo — e conseguiu.

No dia 1º de setembro, participei de um jantar memorável no restaurante Tre Bicchieri, em São Paulo, com a presença de Michel Friou, enólogo francês que conduz a vinificação de Almaviva desde 2007. O evento marcou o pré-lançamento da safra 2023, que será oficialmente apresentada esta semana na Praça de Bordeaux.

Almaviva: um ícone do Chile para o mundo

Almaviva foi um dos primeiros projetos de “vinho ícone” no Chile, ajudando a elevar a reputação do país no cenário internacional. Hoje, é considerado um verdadeiro cult wine: disputado, colecionável e com mercado ativo em leilões, frequentemente recebendo acima de 95 pontos da crítica especializada.

Criado em 1996 a partir da parceria entre a Baron Philippe de Rothschild S.A. — referência em Bordeaux — e a Concha y Toro, gigante do vinho chileno, Almaviva é a expressão máxima da fusão entre tradição francesa e identidade chilena. Seu nome homenageia o Conde de Almaviva, personagem da peça As Bodas de Fígaro, símbolo de sofisticação, enquanto o rótulo traz o “cultrún”, tambor sagrado da cultura mapuche.

Produzido em Puente Alto, no Vale do Maipo, Almaviva é inspirado nos grandes Bordeaux: dominado pela Cabernet Sauvignon, acompanhado de Carmenere, Cabernet Franc e Petit Verdot, vinificado com técnicas francesas e envelhecido entre 18 e 20 meses em barricas de carvalho francês, em sua maioria novas.

Já o EPU, seu “segundo vinho”, foi criado para tornar acessível o estilo de Almaviva: vibrante, elegante e fiel ao terroir, mantendo como base o corte de Cabernet Sauvignon e Carmenere.

Michel Friou e a assinatura da casa

Formado em enologia em Bordeaux, Michel Friou soma experiência em vinícolas da França, África do Sul e Chile. Desde que assumiu Almaviva, em 2007, seu trabalho vem sendo fundamental para a consolidação do estilo do vinho, valorizando a Carmenere como elemento identitário no corte, ao lado do Cabernet Sauvignon, e refinando práticas de vinificação para extrair o máximo do terroir de Puente Alto.

Durante o jantar, Friou destacou que a filosofia de Almaviva é unir finesse, estrutura e longevidade, criando vinhos capazes de traduzir cada safra e ao mesmo tempo manter uma assinatura inconfundível.

Safra 2023: desafios e superação

A colheita de 2023 foi marcada por condições climáticas extremas. O inverno registrou apenas 119 mm de chuva, 41% abaixo da média histórica, seguido de uma primavera irregular, que impactou o florescimento do Cabernet Sauvignon. Já o verão entrou para a história como um dos mais quentes no Chile, acelerando a maturação das uvas e exigindo uma colheita antecipada para preservar frescor e acidez.

Mesmo diante das adversidades, o resultado impressiona. O corte final é composto por 74% Cabernet Sauvignon, 19% Carmenere, 5% Cabernet Franc e 2% Petit Verdot, com estágio de 20 meses em barricas francesas (73% novas).

Michel Friou apresentando sua criação Cristina Neves organizadora do evento Cláudio Bastos e Michel Friou

O jantar e a harmonização

O menu do Tre Bicchieri foi pensado especialmente para ressaltar a elegância dos vinhos. Começamos com a Polenta Tre Bicchieri, cremosa e envolvida por queijo Taleggio e pancetta, seguida do Agnello Tre Bicchieri, cordeiro assado com batatas ao forno, e encerramos com Panna Cotta con Frutta di Stagione.

Os vinhos em taça

A sequência de degustação foi conduzida pelo próprio Michel Friou, em uma viagem sensorial pela história e futuro de Almaviva:

• EPU 2022: acessível, mas fiel ao DNA de Almaviva. Aromas de frutas vermelhas frescas, especiarias sutis e boca vibrante, com taninos macios e grande equilíbrio. Um vinho jovem, direto e convidativo.

  
  

• Almaviva 2023 (pré-lançamento): rubi profundo, com notas intensas de cassis, morango e amora, evoluindo para tabaco, cedro e especiarias. Em boca, mostrou elegância e frescor notáveis apesar da safra desafiadora, com taninos polidos e acidez vibrante. Um vinho que une potência e finesse e promete grande longevidade.

  
  

• Almaviva 2019: safra já considerada clássica, com estrutura sólida e fruta exuberante. Nariz complexo de frutas negras, grafite e especiarias; boca encorpada, profunda e persistente. Um vinho que mostra a solidez de Puente Alto.

  
  

• Almaviva 2009: a prova da longevidade. Notas terciárias de couro, caixa de charuto, ervas secas e frutas maduras, em perfeito equilíbrio com taninos sedosos. Um vinho que se mantém vibrante, revelando a capacidade de envelhecimento do ícone chileno.

  
  

Conversas com Michel Friou

Durante o jantar, Michel Friou compartilhou detalhes sobre o desafio climático da safra 2023 e a filosofia que guia Almaviva. Dois momentos especiais foram registrados em vídeo e estão disponíveis neste post:

• Safra 2022 e o papel do EPU

• Safra 2023 e o Almaviva em pré-lançamento

  
  
  
  

Um brinde ao futuro

O jantar no Tre Bicchieri foi mais do que uma degustação: foi uma celebração da elegância de Puente Alto e da dedicação de Michel Friou em traduzir o terroir chileno em vinhos que se tornaram referência absoluta na América do Sul e no mundo.

Com o Almaviva 2023, a história continua — e continua grande.

Agradecemos o convite da Cristina Neves, Almaviva Winery e Cristina Neves Comunicação & Eventos para estarmos nesse pré-lançamento do Almaviva 2023 no Brasil.

Entre elegância e terroir: Michel Friou apresenta o Almaviva 2023 em jantar memorável

Texto e Vídeo por: Cláudio Bastos - Boas Taças LifeStyle